7. Leonor

Verfasst am: 8. Juli 2003 von Barbara 1 Kommentar

Am ersten Leseabend setzte sich in den Ohrenbackensessel, der für die Vortragende vorgesehen war, eine hübsche lebhafte Frau. Leonor. Setzte sich würdevoll und wie selbstverständlich nieder und beherrschte die Szene mit ihren schwarzen Augen, ihrem gewinnenden Lächeln und ihren wohlgeformten Sätzen – in deutscher und portugiesischer Sprache.

Dann stellte Senhor Juergen mich vor und bemerkte launig nebenbei, dass Barbara "bekennende Bauchtänzerin" ist. Allein, diese Erwähnung, die damit verbundenen Vorstellungen und meine Erinnerungen, dazu die zierliche Leonor und die erwartungsvolle Spannung im Raum, Senhor Gerson im weißen Jackett mit seinen edlen Caipirinhas…

Merkwürdiges geschah:

Eigentlich wollte ich irgend etwas Heiteres, Unverbindliches vorlesen, einige kurze Geschichten mit amüsanter Pointe. Ich kannte ja das Publikum überhaupt nicht, war völlig benommen vom Zauber dieser Stadt Rio und von diesem Traumland Brasilien und wollte mich ganz vorsichtig nähern, so wie unser portugiesischer Hirtenhund, der sich immer sehr zögernd und nach allen Seiten witternd an etwas Neues und Unbekanntes herantastet.

Stattdessen las ich Geschichten aus dem längst vergessenen und vergriffenen Buch "Die Augen des Märchenerzählers", las vom Meer, vom brausenden Atlantik und von der Suche nach Heimat. Und Leonor hörte wie gebannt zu. Sie saß ganz still und unbewegt. Man spürte dennoch, dass etwas in ihr vorging. Sie war sehr ergriffen, kämpfte mit den Tränen und sprudelte, kaum dass ich zu lesen aufgehört hatte, eine so wunderbare Eloge über Saudade und Portugal und ihre Verbundenheit mit diesem ihrem Vaterland und gleichzeitig ihre Begeisterung für Brasilien hervor, wie es ein Lyriker und Dichter nicht schöner hätte sagen können.

"Ich verstehe das alles so gut", sagte sie, "dieses Land ist meine Heimat. Ich bin in Porto zur Schule gegangen. Diese saudade steckt so tief in uns Portugiesen. Die Erzählungen haben meine Seele berührt."

Und atemlos hörten wir ihr zu wie die kleinen Mäuse im Bilderbuch dem Mäuserich  "Frederick" zuhörten, der im bitterkalten Winter und in der Hungersnot die Farben des Sommers, die Wärme und das Licht der Sonne mit seinen Worten heraufbeschwor. Sie sagten bewundernd: "Aber, Frederick, du bist ja ein Dichter!"

"Ich weiß es, ihr lieben Mäusegesichter!" entgegnete er bescheiden.

Genau so stammelte ich portugiesisch: "Oh, Senhora, Sie sind ja ein Dichter!" Und ich erwartete jenen Frederick-Satz als Antwort: "Ich weiß es, ihr lieben Mäusegesichter."

Kann einem Vorleser eigentlich etwas Schöneres passieren, als dass ein Zuhörer plötzlich "ergriffen" und be-geist-ert seine Seele entfaltet und zu sprechen beginnt und Gedichte verströmt und Worte sagt, die so lange in ihm, vielleicht sogar ihm unbekannt, geruht und gelagert haben? Und alle sagen: "Sie sprechen uns aus der Seele."

Einige Tage später schickte Leonor uns diesen Text, ihre Hymne über ihre neue Heimat Rio de Janeiro:

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"Entre um Samba e um Futebol
Entre um assalto e um Rock and Roll…

Navegando pelas paisagens da imaginação, aportei no cais do Porto da Cidade Maravilhosa. Lembrei dos navegadores que, em 1502 aqui ancoraram também, se deparando com um mundo novo e mágico de natureza farta, intocada e pura.

Hoje, o resultado de ontem. Ontem o alicerce de hoje. Entre ontem e hoje 5oo anos de história, de vida, de tropicalismo… Muito de acerto e outro tanto de desacerto, mas nas entrelinhas da história, nas entranhas do tempo, a magia do vento, inflando o que hoje apelidamos de alma carioca. Esta, inserida num corpo  de geografia plena e bela, entre morros e baías, entre praias e florestas.

O Rio de Janeiro, uma cidade inesquecível pela beleza estética no seu potencial mais elevado, é inegável ao olhar de quem chega e toca cada alma que aqui se expande. Seja emigrante, turista ou businessman, navegador, aventureiro, forasteiro ou fora da lei, não importa. O fato é que ninguém é o mesmo depois de se relacionar intimamente com o  Rio de Janeiro, interagir com ele, sentir seu cheiro, tocar seu corpo e sentir seu ritmo através dum samba de raiz ou se deixando embriagar pelo panorama belo, singular e único do Cristo ou do Pão de Açúcar.

O Rio é bonito, erótico e sensual. Tem alma feminina. Todo ele respira e ressoa energia Ying. Com seus contornos e atrativos é tão deslumbrante quanto uma grande e bela mulher, palpável aos cegos e perceptível aos surdos. Sua beleza carismática se expande numa aura energética que envolve quem a olha, apaixona quem a sente, magnetiza quem vibra e enfeitiça quem sonha.

Rio, a dama dos ventos, dos mares e dos firmamentos deitada na rede do tempo à sombra da história, não é mais escrava da memória dos tempos coloniais. Tem personalidade própria, liberada e emancipada pela força do tempo, pela mistura das raças, das culturas e das religiões.

E é neste palco dos deuses, neste cenário do mundo que desabrocha a história da alma de quem chega e desperta o amor de quem se deixa embalar pelo canto do Rio com seu carnaval, suas praias e suas verdes matas.

O Rio é Palmeira Imperial, é Mangueira, Jamelão, Jaqueira, Fruta-Pão, Samambaia, Orquídea, Vitória-Régia e Girassol. Rio é samba no pé, caipirinha, chopinho, salgadinho, muito sol, muita praia, futebol e carnaval. E no final do ano, o Rio é filha de santo, se veste de branco, celebrando Yemanjá.

O Rio é atual e tropical. É hoje e agora, sem ontem nem amanhã. O que conta é o momento, o instante, senão o minuto ou o segundo. Não existe tempo para mais, pois o tempo do Rio é ávido, apressado e corrido. Não há tempo a perder neste espaço-tempo. Tempo este que vive de contrastes e contradições, gerando a adrenalina tão necessária e desejada pelo homem de hoje, sempre em busca de prazer e emoção.

O Rio contém duas almas, norte e sul, sol e sombra. Dois extremos tão opostos e interativos quanto os dois lados da mesma moeda. Comungam do mesmo sol, respiram o mesmo ar, convivem no mesmo solo, mas não compartilham da mesma realidade, pois que uma é o contraponto da outra.

É do lado abençoado, do lado sol, que nos orgulhamos. É ele que propagamos. É nele que nos refletimos, mas é o lado renegado, esse lado sombrio, onde o povo convive com a miséria e pobreza, quase que analfabeto, inculto e muitas vezes desrespeitado ou mal assistido, que devemos questionar e analisar. É este lado menos belo, menos iluminado, é este inverno social que esfria a imagem do Rio. Mas é lá que podemos encontrar as respostas mais profundas e um sentido mais além. Ao reconhecer na verdade crua e nua, a expressão mais honesta e verdadeira, ainda que a mais sofrida e contida, percebemos que esta revela e trai nossa parcela de responsabilidade, seja por omissão, alienação ou acomodação.

A vida, manifestada através de sua face oculta, é que determina a verdade do ser e lhe permite se tornar humano, íntegro e realizado em vez de marginal, mendigo, assaltante ou perverso. E assim nos faz lembrar que alegria e felicidade só é real, quando superadas as diferenças da esquizofrenia social, desse abismo sem igual. Resta a esperança que um dia esse fato seja devidamente encarado e assumido, aliviando assim o fardo. E quando esse dia chegar, tudo será mais leve, mais fácil, mais justo e mais humano. Nesse dia, o sonho será real, e o real não só pagará a fantasia e os paetês, mas também permitirá vestir a esperança, não só do carnaval, mas também da uma vitória social revestida de harmonia tropical.

Há que integrar a sombra. Só equilibrando os opostos, limando as arestas, podando os galhos e cuidando das diferenças será possível combater a violência,  resgatar o sentido do Rio e fazer renascer a alma carioca, seu espírito sagrado e a nós consagrado pelos Deuses. Quando estes criaram o Rio, o fizeram certamente a partir duma imensa inspiração divina. Criaram assim, e sem sombra de dúvida, a mais bela cidade no mundo e que o mundo aplaude e reconhece como “Cidade Maravilhosa”.

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Eine Antwort

  1. Barbara schreibt:

    Neulich, am 16. Juni, hat uns Leonor auf ihrer Deutschland- und Portugalreise in unserem Dorf kurz besucht. Plötzlich war Brasilien ganz nahe. Alles war so gegenwärtig und interessant wie am ersten Tag.
    Im Dorf war an diesem Abend der Strom ausgefallen, keine Straßenlaterne zeigte den Weg und kein Fenster war erleuchtet.
    Und trotzdem war es eine strahlend schöne Nacht, erhellt durch die munteren Gäste.

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