Barbara Seuffert: Uma aldeia representa a história
de Natal
O Natal chegou.
À noite, no café do César, o Pastor tinha frequentemente
falado do seu sonho de um dia representar a história de Natal,
juntamente com todos os homens da aldeia. Alguns seriam os pastorinhos,
a quem foi anunciada a Boa Nova em primeiro lugar. Os meninos da catequese
seriam os anjos e cantariam ao desafio com o coro da paróquia,
uma jovem da aldeia seria Maria (vamos pedir à Glória que
canta tão bem), e juntamente com José (seria o Manuel ou
o Miguel) representariam o casal sagrado. O Tonecas iria fazer a música
com o grupo coral.
Um dia, um dos lavradores exclamou: "Havíamos era de representar
aqui esta peça de Maria e José à procura da hospedaria.
Ali, na Palhaça, fazem todos os anos o cortejo dos Reis Magos.
E nós aqui, não fazemos nada."
"Também, ainda somos uma aldeia muito nova", respondeu
um outro, a quem esta ideia também agradava. "Só somos
uma aldeia desde que aqui foi construída a capela grande. Até
aí, não éramos mais do que um amontoado de casas
à beira da estrada. Foi a capela que nos tornou numa aldeia. Só
que ainda não temos nenhuma tradição"
"Os de Sosa têm a procissão de Nossa Senhora do Encontro,
na Sexta-Feira Santa, e a Queima do Judas, na noite de sábado de
Páscoa..."
"E em janeiro, a Festa das papas de abóbora...", continuava
um outro.
"Sim, é isso, também havíamos de ter assim uma
tradição", opinaram todos.
Estava decidido: A nossa aldeia iria representar o presépio ao
vivo.
O Pastor foi buscar os atores, os pastorinhos, os anjos, os construtores
do estábulo de Belém. Depois do ensaio do coro, queríamos
ensaiar a peça. Mas quase ninguém tinha lido o texto. Porém,
queriam construir junto à igreja este curral onde coubessem a vaca
"Carece" da Ti Rosa e os dois burros do Günter.
- Mãos à obra! Afinal ainda temos dez dias!
Ficamos descansados, porque a experiência nos diz que aqui se pode
improvisar fabulosamente. Apesar de todos os problemas, tudo ficaria pronto
a tempo.
E assim foi! Na Véspera de Natal tínhamos o presépio,
a aparelhagem de som e de luz, todos as vestimentas, assim como quase
mil anjos e um menino vivo. O Natal na nossa aldeia é cheio de
milagres:
Maria e José encontraram um lugar ao pé dos animais, uma
mãe jovem meteu o seu bebé na manjedoura. Perto da cabana
ardia uma fogueira enorme, os pastores nas capas de palha estavam ajoelhados,
o coro e as freiras mexicanas cantaram como os anjos.
E depois vieram os Três Reis: Dorindo e Nuno e Nelson, o preto -
que maravilha!
Não estavam a desempenhar um papel.
Não era uma peça de teatro. Eles todos eram reis verdadeiros,
pastores e anjos, que adoravam o Deus Menino que nasceu aqui na nossa
aldeia.
Barbara Seuffert
Desde o Natal 1999 realizamos o Presépio ao vivo em Carregosa.
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